quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Casos graves, escoliose e gibosidade ( cifoescoliose)




É muito comum crianças com Paralisia Cerebral apresentarem algum tipo de desvio de coluna chamado tecnicamente de escoliose (vamos usar termos bem simples, pois esse conteúdo é direcionado aos pais e familiares) em casos mais avançados, no geral este problema também apresenta gibosidade que é um tipo de corcova, um calongo avantajado o qual impede que a
pessoa sente e encoste perfeitamente no encosto devido a protuberância, se nada for feito para corrigir a postura a tendência que o desvio continue avançando é uma certeza. A correção desse mal é somente cirurgica, mas podemos fazer muita coisa para que o quadro não evolua a ponto de comprometer a parte respiratória. Vejam a imagem à esquerda de um caso tipico de escoliose.



Nos casos graves que invariavelmente apresentam cifoescoliose e alguma deformidade também no quadril, o grande risco da evolução do problema é o comprometimento de alguns orgãos importantes principalmente da parte respiratória, é muito importante que terapeutas orientem os pais, que alertem sem pudor os familiares e cuidadores, pois quando o caso se agrava não há o que fazer para retroceder a não ser uma cirurgia, antes do caso chegar a ponto de comprometer os orgãos há muita coisa que pode ser feita, o grande problema é encontrar um corpo de profissionais que realmente saiba o que esta fazendo, que entenda realmente como gerar melhora postural, infelizmente o mundo é repleto de aventureiros e para estes casos mais sérios não basta ter somente tecnólogia, é necessário entender, ter vivenciado diversas práticas e solucionado muitos casos para ter a condição plena de poder ajudar e fazer parte da melhora da qualidade de vida da pessoa.

Existem métodos e tecnologias diversas para fazer a adequação postural de casos mais dificeis, vamos começar por um dos mais caros atualmente que é a usinagem chamado de digitalizado.
No método da usinagem digitalizada são utilizados equipamentos carissimos, pois é necessário fazer uma coleta de dados digital correta e posteriormente passar estes dados a uma máquina de usinagem que entenda estes dados chamada de CNC, a coleta de dados pode ser feita por scanneamento 3d ou via Stream, que é um sistema de sensores os quais detectam onde há maior pressão que posteriormente serão entendidos como locais de maior aprofundamento na espuma pelas ferramentas de usinagem, existe também o sistema de coleta de dados por sondas em linhamento.

O grande problema da digitalização de espumas para encosto é a coleta de dados, tudo começa com estas informações e caso estejam incorretas a usinagem também será incorreta e o resultado final não atenderá ao paciente, é muito comum ter de refazer todo o trabalho, pois estamos lidando com gente e muitas vezes o paciente não esta em um bom dia, foi medicado e esta letargico ou não recebeu medicação porque algum familiar não concorda por diversos motivos que só cabe a ele responder. A necessidade de provas ( experimentar o produto previamente) é um incomodo que faz parte do pacote e sem a garantia que com todo este esforço o produto final ficará 100% bom.
Fora do Brasil o sistema digitalizado é muito criticado quando apontado a pessoas de idade evolutiva ou seja crianças, pois estas crescem e fazer algo personalizado sem possibilidade de mudanças posteriores é o motivo das criticas, pois um encosto ou assento digitalizado custa caro e não oferecem a possibilidade de ajustes e mudanças posteriores conforme a criança se desenvolve ou muda, cresceu o usuário, é necessário jogar fora o antigo, começar o processo todo novamente e com certeza pagar por tudo de novo. Segundo especialistas estrangeiros casos mais severos devem ser revistos de 4 em 4 meses ou no minimo de 6 em 6 meses.

Outros métodos

Vácuo: Utilizado em casos severos para acomodação das deformidades, muito eficiente e bem mais rápido que o processo digitalizado, é um método de alta tecnologia quimica e mecânica, todo processo leva perto de 1 hora para sua finalização, possui preço semelhante a digitalização e não aceita modificações posteriores.

Moldes: O principio é de se moldar a deformidade com gesso ou algum tipo de midia que aceite conformação momentânea tirando um negativo de um lado e por consequência um positivo do lado contrário o qual servirá de modelo, alguns metodos de digitalização também usam um sistema de molde feito atravez dos dados colhidos. Existe também o sistema quimico espumado, onde são usados polimeros que reagem e formam a massa espumada com o paciente sentado sobre um saco com o produto.

Cintas: Consiste em um encosto formado por cintos ou correias na horizontal do encosto onde cada um deles receberá uma pressão de aperto de acordo com as deformidades que estão em contato nos pontos especificos, pode ser alterado posteriormente soltando as correias, apresenta no geral bons resultados.
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Sistemas manuais: Seguramente os mais utilizados devido ao baixo custo material, porém exige grande experiência para se obter a boa postura, há excelêntes trabalhos feitos com este método quanto mais grave o caso maior terá de ser a habilidade dos profissionais em se trabalhar materiais espumados para alcançar a fidelidade anatômica necessária.

Sistemas Mistos: Nesse caso são utilizados mais de um dos métodos acima citados para atingir uma qualidade satisfatória ao posicionamento, exige bastante do corpo de profissionais, mas se este possuir uma boa capacitação pode alcançar um excelênte nivel de satisfação postural, com mudanças posteriores perfeitamente possiveis.

texto Adaptte Ortrus Tecnologia de Reabilitação



terça-feira, 19 de outubro de 2010

PREÇOS E VALORES DAS ADAPTAÇÕES PARA CADEIRA DE RODAS

Conforme a indústria do segmento avança em tecnologia assistiva, aumenta-se também o valor dos produtos de uma maneira geral, esta afirmação parece óbvia, porém é ambigua , muitos podem achar que quando dizemos " valor" se trata do preço, de quanto se pagará por tal produto, mas quando dizemos valor em nossa empresa, nos referimos a quanto este equipamento trará de beneficios ao usuário.

Hoje temos no mercado nacional, mais especificamente em medicina assistiva focada em adequação postural sobre cadeira de rodas, instituições de renome internacional e um grande número de terapeutas trabalhando com produtos muitas vezes confeccionados de forma artesanal, quase sempre de alto preço, porém de baixo valor agregado, o contrário também pode acontecer em rarissimas exceções, é muito dificil encontrar profissionais que realmente saibam agregar um grau de valor a equipamentos de baixa qualidade confeccionados de forma artesanal com madeira, espuma comum colada e uma capa de tecido automotivo, o mesmo acontece com produtos industrializados, já visitamos pessoas que possuiam um excelente produto, porém estavam muito mal sentados, mal posicionados, agravando deformidades, gerando descontentamento no quesito postural.

Há no mercado uma cultura do " te dou isso se eu obtiver uma vantagem maior que a cedida" cito como exemplo Instituições que doam cadeiras de rodas a usuários com paralisia cerebral, no geral doam cadeiras de baixo VALOR e PREÇO, nada adequadas a estes usuários, cadeiras de auto propulsão ( com rodas traseiras grandes) e chassi com fechamento em "X", sem possibilidade de inclinação de encosto ou possibilidade de mudar o tilt de maneira eficaz.
Para que serve uma roda com aro de autopropulsão se o usuário não possui a minima condição motora de impulsionar por si só a cadeira? deve ser para enroscar melhor nas portas e vãos, riscar as paredes de corredores residênciais e gerar lesões aos usuários ao colocar as mãos por acidente nos raios das rodas ou cortá-las nos protetores de raios que são no geral feitos de um plástico bem fino que ao trincar se transformam em uma verdadeira lâmina.

Como se não bastasse o presente de grego, o corpo de profissionais da instituição indica uma adaptação sobre esta cadeira para que ela passe a atender as necessidades posturais do usuário e isso quase sempre não é gratuito. Para recapitular, te doaram uma cadeira inadequada e posteriormente lhe cobram para fazer as alterações necessárias, isso não é doação e sim VENDA CASADA. Por que não doaram uma cadeira já pronta, algo que funcionasse sem necessidade de se gastar? Opção no mercado existe.

Durante o ano recebemos muitas ligações de empresários, empresas e ONGs interessadas em fazer doações de cadeiras de rodas a crianças necessitadas, no geral casos gravissimos, que exigem além de um produto que funcione, mão de obra especializada para fazer os ajustes finos, com real interesse de compra perguntam sobre os preços e invariavelmente após receber esta informação dizem que como se trata de uma doação gostariam de dar algo mais barato, é interessante ver que muitos empresários, gerentes e adminstradores não entendem que um menor preço está muitas vezes ligado diretamente a menor valor agregado, que este equipamento mais barato não atenderá o contemplado pela doação e essa cadeira será encostada, em pouquissimo tempo estará em um canto da casa pegando poeira, e a boa ação se transformará em uma perda de dinheiro para quem doou e uma perda de oportunidade de melhora de qualidade de vida para quem recebeu a doação.

Ainda hoje recebemos pedidos de orçamentos para que este seja conflitado com orçamentos de terceiros, a tipica busca pelo menor preço que no geral se transformam em aquisições desastrosas por conta até de centavos, compram produtos de durabilidade de 1 ano que custam 50% menos achando que estão fazendo um excelente negocio, deixando de lado os produtos que custam mais porém possuem durabilidade de 5 anos, terão de renovar 5 vezes o lote do produto mais barato para obter o mesmo tempo de beneficio do produto de durabilidade de 5 anos que no orçado era um pouco mais caro, qual a vantagem nessa economia? Por que ainda empresas e até mesmo orgãos públicos exigem 3 orçamentos? Deve ser para ter mais trabalho e ainda por cima no final fazer um péssimo negócio, ver somente o valor final e não o descritivo do que realmente esta sendo orçado, isso é extremamente anti produtivo e inviável economicamente, joga-se muito dinheiro fora anualmente agindo com esse pensamento ultrapassado dos 3 orçamentos contemplando o de menor sifra sem mais nenhum julgamento.

Nesse meio cada caso é um caso, dificilmente um produto industrializado funcionará perfeitamente para todos usuários sem algum tipo de ajuste, o grande problema é que muitos produtos possuem pouca flexibilidade de ajustes e isso compromete o resultado final na adequação postural, há também os produtos top de linha que possuem preços mais altos, porém muito mais valor agregado e realmente funcionarem. Existem casos que mesmo com os melhores produtos, não se atinge um resultado satisfatório por impericia do corpo de profissionais que estão atendendo o caso, já ocorreu de uma terapeuta pegar um produto de alta qualidade e pedir para que fossem substituidas partes por materiais inferiores em qualidade e beneficios por conta de sua falta de atualização profissional e conhecimento limitado em novas tecnologias.

A falta de conhecimento e atualizações periódicas
válidas, podem diminuir o valor agregado de um equipamento caro e de alta performance, no pais existem alguns congressos e simpósios anuais nos quais sempre mostram as mesmas imagens e falam sobre as mesmas coisas, sobre tecnologias de mais com de 10 anos, parece que estão em um outro mundo e com o agravante de se acharem que estão na vanguarda do conhecimento tecnológico do setor até hoje, não acompanham as industrias, seus novos projetos, novas pesquisas e tentências do segmento, infelizmente quem perde com isso é o usuário e suas familias.
Texto de Alex De Barros
diretor da Ortrus Tecnologia de Reabilitação e Sistemas Posturais