Em Fevereiro de 2012, Bengt Engström ( fisioterapeuta Sueco), um dos grande nomes se não o maior do mundo na atualidade no assunto adequação postural de cadeirantes, ministrou um curso completo de ergonomia e posicionamento de cadeirantes especiais no Brasil.
Em nosso pais são pouquissimos os profissionais que trabalham com adequação postural e possuem algum curso atualizado de ergonomia realmente focado no sentar sobre cadeira de rodas,há no Brasil pós graduação em ergonomia, mas nada tão espefico e realmente focado como existe lá fora se tratando de cadeirantes.
No curso foi explicado passo a passo quais pontos são mais importantes no sentar, formas ergonômicas de assento, encosto, como fazer as modificações, padrões de extenção, motivos disso e aulas práticas. É muito comum vermos no dia a dia, cadeirantes, principalmente os PCs ( crianças com paralisia cerebral) sentados em má postura, no geral a cadeira inadequada gera estes problemas, no país vemos muitas crianças fazendo uso de cadeiras inadequadas mesmo quando adaptadas, isso acontece por conta da baixa reciclagem dos profissionais no pais, um dos motivos é o alto valor que se precisa investir para se reciclar, mesmo em cursos no Brasil fora então ...
Um outro problema se trata do profissional sentir a necessidade de se reciclar, muitos trabalham com os mesmos métodos a mais de 20 anos e se acham extremamente capacitados e devidamente atualizados em conhecimento dentro do setor, infelizmente quem perde com esta forma de pensar são os pacientes.
O interessante do conceito Engström é o fato de não se ter uma fórmula exata para se obter o melhor posicionamento do tipo "se o paciente é assim faça isso que resolverá", nada mais lógico visto que um caso difere de outro, mas a novidade é que o Conceito Engström pinta mais de uma forma de procedimento para cada caso, ou seja, te dá mais possibilidades de agir de formas diferentes frente a um mesmo problema galgando soluções por experimentos e testes. Hoje vemos vários profissionais trabalhando somente de uma forma frente aos casos como se fosse uma tabuada, na base da decoreba sem mudar uma virgula para não se perderem, muitas vezes o que funciona para um paciente não serve para outro com o mesmo diagnóstico e problemas, isso é um alerta de que algo não esta certo ou faltando.
Outro ponto interessante foi a respeito de como lidar no atendimento, o " atender" não é somente chegar e mandar brasa mesmo tendo todo conhecimento, precisamos usar o tempo para conhecer o paciente, fazê-lo gostar de nós, observar as necessidades, montar os experimentos, testá-los, avaliar os resultados e a partir dai fornecer a solução no momento.
Uma das coisas mais marcantes no Prof. Bengt é sua simpatia, o sucesso na adequação postural começa por este item, percebemos que a simpatia faz o trabalho fluir melhor, o paciente se sente mais seguro, permite melhor manuseio, confia no profissional e este pode trabalhar melhor, usar o pouco tempo que possui para galgar mais resultados, ninguém gosta de ser atendido por um profissional antipático, rabugento ou mesmo neutro que não se envolve,não conversa e não sorri, principalmente quando lidamos com crianças. Além de todas as técnicas aprendemos no curso a sermos pessoas melhores, eu particularmente percebi que na realidade os deficientes somos nós, cheguei a conclusão que os pacientes tem muito a nós ensinar e muitas vezes não estamos prontos para aprender, para perceber o que nos mostram de bom grado, ter esta percepção é muito importante, mas isso é uma evolução muito pessoal, alguns profissionais podem levar somente semanas, outros uma vida inteira para chegar a tal grau de percepção.
Para finalizar acho que foi uma oportunidade única, um privelégio ( mesmo que pago) ter sido um dos poucos profissionais no país a fazer esta importante atualização, eu particularmente já havia visto e até participado de palestras do Bengt fora do Brasil, mas nada se compara ao curso de alguns dias, vivenciando e fazendo parte da equipe mesmo que por poucos dias deste grande icone em adequação postural em cadeira de rodas.
Para quem quiser saber mais o site dele
http://www.engstromconcept.com/
Equipe Adaptte Ortrus
A necessidade de se ter uma cadeira de rodas adaptada e com a possibilidade de modificações posteiores conforme a criança cresce sem muito ônus ao cliente, sempre foi um dos objetivos da indústria nacional, porém é possivel contar nos dedos de uma mão só as empresas que se quer possuem um rascunho no quesito projetos de produtos com tal funcionalidade, Existiam também outros pontos pertinentes que tal produto Inovador demandaria, um deles seria a possibilidade de reposição de algumas peças de forma personalizada, outro problema se tratava do quesito equipe de atendimento, pois ao lidar com postura, modificações realizadas por um pessoal não capacitado poderia por toda a funcionalidade do produto a perder, infelizmente no Brasil ainda não existe faculdade para adequação postural de cadeirantes ou especialização para tal, este tipo de curso só é encontrado fora do país e por este motivo vemos até dentro de grandes instituições e hospitais equipes fazendo o trabalho de adequação postural sobre cadeira de rodas sem muito preparo, errando bastante, mais prejudicando do que gerando beneficio ao usuário, logicamente que estes profissionais não fazem isso com má intenção ou querendo prejudicar a quem atendem, ainda mais quando levamos em conta o tipo de produtos engessados os quais tem acesso, sem estar atualizado em tecnicas é dificil trabalhar e somando isso a privação de produtos que funcionem melhor do que os que lhes são oferecidos para realizar o trabalho, o resultado só pode ser mesmo no máximo médio.
O importante de tudo é que as mudanças já começaram, vemos hoje por nós mesmos que há grande interesse dos profissionais em aprender mais, em progredir e ir atrás de novas informações e conceitos apesar de ainda termos de lidar com profissionais dinossauros que ainda se acham referência de alguma coisa por terem no passado o sido, rebaterem ferozmente tudo que é conceito novo e que os ameaça por simplesmente não conseguirem acompanhar a evolução das coisas, na realidade sentem bastante medo de mudanças e acabam desviando pais e crianças que poderiam se beneficiar de novas técnicas e produtos por simplesmente não estarem antenados.
